Sua empresa pratica a sustentabilidade ou Greenwashing?

Por Renan Fantini

Afinal, o que é isso e como identificar se sua empresa está praticando greenwashing? Acompanhando as notícias em grandes meios de comunicação é fácil encontrar menções sobre “carbono zero”, “sustentável”, “orgânico” ou “ESG”, porém raramente informações concretas e transparentes são apresentadas ou disponibilizadas para checagem dos fatos, já que tais informações são de cunho específico e de difícil organização e divulgação.

Encontro esse mesmo problema quando leio relatórios de sustentabilidade de diversos setores empresariais, mesmo que exista certa padronização de informações básicas que pode ser seguida para que haja uma transparência adequada na comunicação das empresas.

A relativização dos impactos negativos de uma empresa é comum atualmente devido a “demonização” da produção em massa e de processos industrializados. É possível reduzirmos os impactos causados pela transformação industrial de matéria prima? Com certeza. Porém será que é possível zerar impactos ou compensá-los totalmente? Já parou para pensar em todas as transformações necessárias que ocorreram para você usufruir de tudo o que está em sua volta neste exato momento?

Não é fácil para mim, Engenheiro Ambiental, aceitar de bom grado uma empresa “zero carbono” ou uma solução “orgânica” sem evidências, sem uma página web onde a empresa seja transparente.

Encontrei um artigo muito interessante do Corporate Finance Institute (CFI) que define o greenwashing como “quando uma empresa gasta tempo e dinheiro anunciando e fazendo marketing de que seus produtos ou serviços são ecologicamente corretos quando, na verdade, não são.” Além disso o artigo lista os sete pecados do greenwashing, de acordo com TerraChoice:

“N.1. Sin of the Hidden Trade-Off (Pecado do custo de oportunidade oculto). Questões ambientais que são enfatizadas em detrimento de outra questão potencialmente mais preocupante. Por exemplo, a colheita de papel não é necessariamente ecológica porque veio de uma floresta colhida de forma sustentável.” É necessário avaliar muitos outros aspectos da operação.

 “N.2. Sin of No Proof (Pecado da prova inexistente). Reivindicações ambientais que não são apoiadas por evidências factuais ou certificação de terceiros. Por exemplo, produtos que reivindicam uma determinada porcentagem do produto vêm de conteúdo reciclado pelo consumidor, sem fornecer quaisquer dados factuais ou detalhes.”

 “N.3. Sin of Vagueness (Pecado de Vaguidade). Reivindicações ambientais que carecem de especificações e são consideradas sem sentido. Por exemplo, o termo “totalmente natural” não é necessariamente “verde” – mercúrio, urânio e arsênico, para citar alguns, ocorrem naturalmente.”

 “N.4. Sin of Worshipping False Labels (Pecado de adorar rótulos falsos). Criação de certificações ou rótulos falsos para enganar os consumidores. Por exemplo, criar uma certificação falsa para induzir os consumidores a acreditar que o produto passou por um processo legítimo de triagem ecológica.”

 “N.5. Sin of Irrelevance (Pecado de Irrelevância). As questões ambientais não relacionadas são enfatizadas. Por exemplo, dizer que um telefone é “livre de CFC” quando os CFCs já são proibidos por lei.”

 “N.6. Sin of Lesser of Two Evils (Pecado do menor de dois males). Reivindicações ambientais sobre produtos que não apresentam benefícios ambientais para começar. Por exemplo, dizer que os cigarros são orgânicos.”

 “N.7. Sin of Fibbing (Pecado da mentira). Reivindicações ambientais que são flagrantemente falsas. Por exemplo, dizer que um carro a diesel emite zero dióxido de carbono no ar.”

Além disso, a TerraChoice levantou que entre 2008 e 2009, somente nos Estados Unidos e no Canadá, 2.219 produtos apresentavam 4.996 reivindicações verdes, porém mais de 98% se comprometeram com pelo menos um dos itens que o Marketing Ambiental da TerraChoice, ou seja, 98% dos produtos foram culpados de greenwashing. Em 2007, 99% dos produtos não passaram no teste.

As próprias pesquisas do TerraChoice já foram colocadas em xeque por um artigo do GreenBiz (https://www.greenbiz.com/article/terrachoice-greenwashing), demonstrando que ainda não há consenso ou padronização de informações sobre sustentabilidade nas empresas, pois o assunto é muito mais profundo do que parece.

Muitas empresas com certeza estão em busca de uma produção mais limpa, que consuma cada vez menos recursos naturais e que traga benefícios sociais, por exemplo. Nossa empresa mesmo possui em sua carteira muitos clientes que aplicam grandes investimentos com muito planejamento visando o  atendimento da legislação e, importante, adequação de suas atividades e desenvolvimento de processos para ir muito além.

A conclusão disso tudo é que devemos ser céticos com todas as informações que consumimos e que os dados devem ser analisados e interpretados através de indicadores ESG de fácil entendimento, de forma mais transparente possível. Não é uma tarefa fácil, porém sempre devemos nos perguntar: Como podemos melhorar o modo como passamos as informações para todas as partes interessadas? Como gerir os dados e informações de modo que fique claro os benefícios e esforços realizados pela empresa? Fonte: https://corporatefinanceinstitute.com/resources/knowledge/other/greenwashing/

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